(English version below)
"A melhor maneira de recuperar não é arranjar desculpas mas sim levantar a cabeça, continuar a treinar e focar no próximo objetivo, é assim que gosto de "mostrar" o que valho."
CSNE: Olá Daniel! És um participante assíduo das provas da Carlos Sá Nature Events nos últimos anos, obrigado por confiar em nós.
Fala-nos um pouco de ti. Há quanto tempo praticas desporto? O que significa o Trail Running para ti?
Daniel: Desde sempre pratiquei desporto, desde ginásio, btt, futebol a enduro/motocross sempre gostei experimentar um pouco de tudo
A verdade é que comecei nas corridas pelo "cardio", inicialmente 1 a duas vezes por semana, começamos por juntar amigos para participar em provas de trail ao domingo até que a minha competitividade levou ao treino diário, regular e mais estruturado, fui federado pelo Espinho SC mas acabei por encontrar no Trail Running o equilíbrio entre a corrida e a natureza.
CSNE: Nessas tuas aventuras desportivas, o que te deixa mais feliz? As vitórias ou conhecer novos locais e pessoas?
Daniel: Estaria a mentir se dissesse que as vitórias não me deixam feliz mas honestamente não é o mais importante, lógico que há vitórias e vitórias mas além de percursos espetaculares, lugares incríveis destaco que as pessoas que conheci neste desporto são o fundamental, tenho uma segunda família, pessoas que admiro e respeito imenso e isso sim vale muito.
CSNE: Qual foi a corrida mais desafiadora da Carlos Sá Nature Events que já participaste? E se existiu, porquê?
Daniel: Considero a mais desafiante na altura, os 27Km da Serra d'Arga em 2021, pertencia à equipa NS e parti nas últimas boxes (COVID), ninguém me conhecia e além de ser a minha primeira "grande" vitória foi até ao osso , a luta era apenas comigo em todos os momentos para tentar chegar o mais rápido possível sabendo que o Romeu Gouveia, uma referência para mim, estava a disputar a prova, no final uns segundos fizeram a diferença.
CSNE: O que sentiste ao cruzar a linha de meta na primeira posição da maratona “Mais dura e Bela do Mundo”?
Foi essa vitória na Gerês Extreme Marathon, que te levou a apostar forte no Circuito Best Trails Series 2024?
Daniel: Foi sem dúvida um ponto alto de 2023, fiquei super feliz com a vitória e com o tempo de estreia na maratona, o percurso é simplesmente brutal.
Acontece que agora vi-me "forçado" a inscrever na maratona de Sevilha, para tentar o RP á maratona
A aposta no circuito estava feita, o ano passado na última prova do Circuito em Arga acabei por ter a minha primeira desistência e perdi quaisquer hipóteses que ganhar o circuito muito pelo mérito do Ricardo Carreira diga-se já
A melhor maneira de recuperar não é arranjar desculpas mas sim levantar a cabeça, continuar a treinar e focar no próximo objetivo, é assim que gosto de "mostrar" o que valho.
CSNE: Estás a fazer uma grande época, e a mostrar grande regularidade, depois do segundo lugar em Foz Côa voltaste às vitórias nos 55k do TPG, e agora na Serra Amarela fizeste quarto lugar, nesta última prova que venceste no ano passado, não estavas na melhor forma? Ou os teus colegas estavam fortíssimos?
Daniel: Os 55Km do TPG foi uma prova que me deu um gosto especial completar, consegui desfrutar de um belo dia de montanha e adversidades
Na Serra Amarela, tanto o Amândio como o João Ferreira foram sem dúvida melhores, já os conheço e sei bem das capacidades deles, eu acabei por fazer o mesmo tempo do ano passado mas quem limpou aquilo foi o Pedro Barros com aquele nível a que nos habituou
CSNE: Penacova está já aí, no ano passado ganhaste o Prólogo, mas a Ultra não te correu tão bem. A concorrência era muito forte, com o Miguel Arsénio a impor um ritmo forte desde o inicio. O percurso deste ano é muito parecido, qual achas que seria a melhor estratégia para venceres este ano?
Daniel: Não há nada a dizer quanto ao Miguel Arsénio a não ser OBRIGADO, além de ser uma referência para mim é em quem confio plenamente para chegar aos objetivos propostos, é um ser humano incrível e tem um nível incomparável.
Já no final do prólogo de Penacova fiquei com cãibras, mau presságio para os 45Km do dia seguinte, e assim foi, aos 3km estava deitado com as pernas esticadas, foi um tormento acabar aquela prova.
Este ano espero estar mais à altura
CSNE: A grande final do Circuito é na Serra D’Arga, onde tem sempre participação de muita qualidade quer nacional, mas também internacional e em todas as distâncias.
Por norma apostas em distâncias entre os 20k e 50k, já decidistes a prova que vais apostar?
Daniel: Na verdade já estou inscrito nos 50, embora ainda não tenha a certeza de qual irei fazer , pendente por um grande objetivo que terei logo na semana seguinte, irei tentar "jogar" também com os próximos resultados de Penacova.
CSNE: Já tens calendário fechado para 2025? Se venceres o Circuito Best Trails Series este ano, irás defender o titulo no próximo ano?
Daniel: O calendário de 2025 ainda está muito em aberto, gostaria de participar numa grande prova internacional e para isso vou tentar um apuramento em breve.
Certo é que se tiver disponibilidade irei continuar a fazer parte deste circuito ano após ano, não se vê muito em Portugal esta capacidade de premiar os atletas em detrimento de mais lucro, somos recebidos pelo Carlos Sá na meta desde o primeiro ao último atleta, uns dos maiores nomes do trail Nacional, toda a organização é de excelência !
CSNE: E por último, qual foi a maior lição que as provas de trail te têm dado?
Daniel: A determinação é fundamental em qualquer desporto, a resiliência e capacidade de superação de obstáculos acaba por ser alcançada pouco a pouco, as dificuldades a cada subida como as pedras no caminho nas descidas são apenas comparações aos desafios da vida, assim que saímos da nossa zona de conforto estamos a crescer. não devemos ser limitados nunca.
Daniel, em nome da equipa Carlos Sá Nature Events, desejamos-te um excelente resto de 2024. Que mantenhas sempre essa força e determinação em todos os desafios a que te propões.
Obrigado.
(English)
CSNE: Hello Daniel! You have been a regular participant in Carlos Sá Nature Events races in recent years, thank you for trusting us.
Tell us a little about yourself. How long have you been doing sports? What does trail running mean to you?
Daniel: I’ve always practiced sports, from gym, mountain biking, football to enduro/motocross I’ve always liked to experiment a little bit of everything
The truth is that I started in running because of the “cardio”, initially 1 to two times a week, we started by gathering friends to participate in trail races on Sundays until my competitiveness led to daily, regular and more structured training, I was federated by Espinho SC but I ended up finding in Trail Running the balance between running and nature.
CSNE:In your sporting adventures, what makes you the happiest? Victories or meeting new places and people?
Daniel: I’d be lying if I said that victories don’t make me happy but honestly it’s not the most important thing, of course there are victories and victories but in addition to spectacular courses, incredible places I highlight that the people I met in this sport are the fundamental, I have a second family, people that I admire and respect immensely and that is worth a lot.
CSNE: What was the most challenging Carlos Sá Nature Events race you have ever participated in? And if it existed, why?
Daniel: I consider it the most challenging at the time, the 27Km of Serra d’Arga in 2021, I belonged to the NS team and I left in the last boxes (COVID), no one knew me and in addition to being my first “big” victory it was to the bone, the fight was just me at all moments to try to arrive as soon as possible knowing that Romeu Gouveia, a reference for me, was competing in the race, in the end a few seconds made the difference.
CSNE: What did you feel when you crossed the finish line in the first position of the “Toughest and most Beautiful in the World” marathon?
Was that victory in the Gerês Extreme Marathon that led you to bet heavily on the Best Trails Series 2024 Circuit?
Daniel: It was undoubtedly a highlight of 2023, I was super happy with the win and with the debut time in the marathon, the course is simply brutal. It turns out that now I was “forced” to register in the Seville marathon, to try the PR to the marathon
The bet on the circuit was made, last year in the last race of the Circuit in Arga I ended up having my first withdrawal and I lost any chance of winning the circuit much by the merit of Ricardo Carreira
The best way to recover is not to make excuses but to lower my head, continue training and focus on the next goal, that’s how I like to “show” what I’m worth.
CSNE: You are having a great season, and showing great regularity, after the second place in Foz Côa you returned to the victories in the 55Km of TPG, and now in Serra Amarela you made fourth place, in this last race that you won last year, weren’t you in the best shape? Or were your teammates very strong?
Daniel: The 55Km of TPG was a race that gave me a special pleasure to complete, I was able to enjoy a beautiful day in the mountains and adversities
In Serra Amarela, both Amândio and João Ferreira were undoubtedly better, I already know them and I know their abilities well, I ended up doing the same time as last year but who cleaned it up was Pedro Barros with that level to witch we are accustomed
CSNE: Penacova is already here, last year you won the Prologue, but the Ultra didn’t go so well for you. The competition was very strong, with Miguel Arsénio imposing a strong pace from the start. This year’s course is very similar, what do you think would be the best strategy to win this year?
Daniel: There is nothing to say about Miguel Arsénio except THANK YOU, in addition to being a reference for me, he is the one I fully trust to achieve the proposed goals, he is an incredible human being and has an incomparable level.
At the end of the prologue of Penacova I had cramps, a bad omen for the 45Km the next day, and so it was, at 3km I was lying down with my legs stretched out, it was a torment to finish that race.
This year I hope to be more up to the task
CSNE: The grand final of the Circuit is in Serra D'Arga, where there is always a very high quality participation, both national, but also international and in all distances.
As a rule, you bet on distances between 20km and 50km, have you decided which race you are going to bet on?
Daniel: Actually I'm already registered in the 50, although I'm still not sure which one I'll do, pending a big goal that I'll have the following week, I'll try to "play" also with the next results of Penacova.
CSNE: Do you already have a closed calendar for 2025? If you win the Best Trails Series Circuit this year, will you defend the title next year?
Daniel: The 2025 calendar is still very open, I would like to participate in a major international competition and for that I will try to qualify soon. What is certain is that if I have availability I will continue to be part of this circuit year after year, you don't see much in Portugal this ability to reward athletes to the detriment of more profit, we are received by Carlos Sá at the finish line from the first to the last athlete, one of the biggest names in the National trail, the whole organization is of excellence!
CSNE: And finally, what was the biggest lesson that trail racing has given you?
Daniel: Determination is fundamental in any sport, resilience and the ability to overcome obstacles ends up being achieved little by little, the difficulties at each climb like the stones on the way down are just comparisons to the challenges of life, as soon as we leave our comfort zone we are growing. We must never be limited.
Daniel, on behalf of the Carlos Sá Nature Events team, we wish you an excellent rest of 2024. May you always maintain that strength and determination in all the challenges you set yourself.
Thank you.